Tenho assistido, de forma interessada, aos comentários e post, pro-vieira, anti vieira, pro-consenso, pro-revolução, anti-sistema, pro-sistema (tipo se não podes com eles não te juntes a eles mas faz como eles e melhor) na blogosfera benfiquista.
No que concerne às minhas preferências eleitorais, não vou tomar nenhum partido mas vou emitir opiniões. Infelizmente, neste momento, mais não temos que o Vieira e as suas façanhas (ora positivas, ora negativas) para comentar.1 - situação financeira - não tenho conhecimentos profundos nesta área, só os suficientes para aflorar superficialmente o balanço e os resultados operacionais. vejo evolução nestes últimos e uma tendência para melhorar (novo contrato televisivo). No que concerne ao balanço, apesar do ativo cobrir o passivo, vejo com alguma preocupação o acréscimo das obrigações decorrentes dos recursos ao crédito bancário. Com mais peso no passivo de ano para ano. As sucessivas restruturações da dívida e o aumento das obrigações a curto e médio prazo tb não indiciam nada de bom. Porém, aparentemente, há liquidez, capacidade de investimento, e os ativos (equipa de futebol e infraestruturas como estádio, campus, etc.) tem-se vindo a valorizar, fruto de uma boa política de investimento. Creio que, tirando a parte do endividamento, que as bases para um Benfica sólido, com perspectivas de futuro e sustentável, estão lançadas.
2 - equipa de futebol - ao contrário de muitos outros, não tenho nada a dizer em relação à gestão deste item da vida do nosso clube. temos comprado bem, temos vendido melhor, ano após ano, desde 2009, temos tido equipas fortes coesas, pejadas de jovens talentos e jogadores de créditos firmados. Pode.-se apontar aqui e ali uma ou outra falha, mas faz parte do risco, estamos a falar de pessoas e não de edifícios ou outro género de ativos não subjetivos. se formos a ver até o Kaká falhou no Real. Witsel, Rodrigo, Di Maria, Garcia, Gaitan, David Luiz, Matic, Bruno César e Ramirez, são exemplos que, num curto espaço de tempo, comprovam a eficácia da política de contratações.
Não temos formação? temos, perdemos muito tempo, mas começam a despontar valores como o Nelson Oliveira ou Roderick. A capacidade do futebol sénior para integrar novos jogadores (jovens principalmente) e os potenciar augura um bom futuro para a nossa formação. Podem achar pouco, mas esta estrutura está funcional, quando, há alguns anos, nem existia (Um di maria teria sido enviado às malvas sem retorno algum na segunda época há pouco tempo atrás, só para dar o exemplo).
3 - estrutura de Futebol - Aqui há algumas falhas. os papeis de Rui Costa, Filipe Vieira na direção do departamento mudam com o vento (os resultados). A voz de comando alterna(neste momento o Rui não fala de todo). mas não é só neste capítulo que a falta de profissionalismo se reflete. a mudança sucessiva de treinadores de juniores, a integração de olheiros que em tempos trairam o clube, a restruturação do organograma da equipa técnica do futebol sénior (como a integração do manuel sérgio) , entre muitos outros exemplos, mostra que o modelo não está definido, que anda-se a tentar por tentativa e erro acertar. Falta, sem dúvida alguma, definir um modelo e figuras estaveis, que se mantenham no clube e na estrutura, independentemente da mudança de outros atores (como um treinador). Falta uma filosofia de gestão que se desdobre para todo o futebol, inclusivé o modelo tático, metodologias de trabalho, etc. Não quero com isto dizer que tenha de ser estanque. Não sou escravo da estabilidade a todo o custo, mas tem de haver uma visão e essa visão tem de ter reflexos na gestão de todas as categorias operacionais do clube.
4 -Relações externas e comunicação - creio que é a maior pecha desta direção. se noutros campos nota-se uma evolução, já neste capítulo a oscilação é enorme, por cada avanço há dois recuos. Em termos de política externa (nos meandros de poder do fut. português) o caminho até tem sido coerente. Coerente na falta de estratégias e objetivos! Nada mudou no futebol português, perdemos várias oportunidades, não geramos consensos nem marcamos posições. Ausência, pura e simplesmente de rumo. perdemos uma direção da liga e conselho disciplinar que nos favoreciam sem dar luta (Ricardo Costa, por exemplo). aceitamos a versão "amiga do sistema" sem dar luta, por, até a apoiamos, tendo perdido o campeonato seguinte por isso mesmo. Perdemos o timming de limpar a estrutura vigente com a passagem do poder da liga para a federação. Pior do que isso, permitimos a transposição dos detentores de poder de um lado para o outro sem oscilações. Ao nível de comunicação é impossível fazer melhor. com tanta "coerência", com falta de estratégia de políticas, com contradições constantes, deixando os outros falar por nós, sendo meramente reativos em relação aos acontecimentos desportivos e políticos que nos afetam, mão é possível ter uma política de comunicação eficaz. A comunicação, para os adeptos, para os media é fraca. mas porque a estratégia da direção nestes items tb o é. não se pode pedir a um galo que cante alto e a bom som, para toda a gente ouvi-lo, e colocá-lo no meio do grande prémio do estoril.